quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

li e gostei

Estão a ver aquelas casas com chão de madeira, de tábuas largas, com fendas e rasgos pelos quais costumam cair, debaixo do soalho um espelhinho, um pente, uma moeda, um botão, uma missanga, mil coisas desse género, que ficam lá debaixo, no escuro?

Os meninos gostavam de deitar-se no chão e ficarem a olhar pelas gretas o chão da cave escura.

Quando um raio de sol passava pela frincha, lá em baixo brilham coisas esquecidas e perdidas, pequenas ninharias que se acumularam anos a fio.

Mas se um dia caísse uma jóia, então dava-se a descida ao mundo maravilhoso do "debaixo do soalho".

Os meninos entravam e era uma festa para os olhos e para o coração: centenas de coisinhas perdidas e reencontradas:
- Aquele berlinde.
- Aquele alfinete dourado.
- Oh!, aquela pedrinha que brilha!

Eram mil surpresas escondidas, acumuladas, perdidas anos a fio e que a casualidade de uma jóia caída fizera redescobrir.

Pois bem amigos, a vida de família é como o fundo do soalho, com mil pequenas alegrias e carinhos, com mil momentos de ternura, que vão caindo pelas fendas do tempo e do dia, e se vão esquecendo no fundo da vida.

Costumamos perder toda esta beleza pelo cansaço, pelo hábito, onde as pequenas atenções, o dizer bom dia, boa noite, onde o carinho pelos pais, pelos irmãos, pelos filhos, se tornam missangas caídas nas gretas da vida...


Mas um dia como esse pode ser uma ocasião de choque, de lembranças mais vivas do que foram as coisas.

Talvez seja o dia de tirar as tábuas do soalho, do redescobrir com alegria as pequenas coisas indispensáveis para o tempo de amor, da vida em família...

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